A árvore

   As pessoas pensam que as coisas são aleatórias, que não podem ser manipuladas, que nada nem ninguém pode controla-los, e estão parcialmente certos. Porém, comigo não foi bem assim.

Havíamos nos mudado para a casa nova há dois dias. Era uma casa bonita, dois andares e a arquitetura lembrava os chalés que sem encontram no Velho Continente. Era feita com uma madeira escura e, apesar de sua beleza, poderia ser confundida com um cenário de filme de terror, devido ao fato de ser cercada de árvores. Voltando a história, de frente para a casa havia uma grande árvore, facilmente fazendo todas as outras parecerem diminutos arbustos. Diferente das outras sua casca não era clara, e sim muito escura e de aparência morta. Como podem imaginar, assim que vi o local, a descrição roseada da nova casa oferecida por meus pais, hoje já falecidos , me pareceu um tanto equivocada. Continuando, estávamos na casa há dois dias e tudo corria bem, mas no terceiro dia... TUDO começou a desmoronar!
   O dia começou nublado, não havia vento e não se podia ver qualquer vida animal nas proximidades, nem podia-se ouvir sons da floresta. Com o passar do dia a vida... Como posso dizer... Parecia ter sumido e não-sumido simultaneamente, as árvores estavam fortes como sempre, mas tudo parecia morto; cinza, anormal...

Isto é... exceto pela grande árvore cinza.

No quarto dia, acordei sentindo-me doente, letárgico, quase sem as forças para levantar-me, fui ao banheiro olhar-me no pequeno espelho de mão. E foi ai que eu me vi... apesar de me arrepender disso.
Derrubei o espelho, reconhecendo a emaciada figura apresentada. 

Parecia-me com um doente terminal, cabelos previamente longos e negros, agora estavam grisalhos e sem vida, minha pele clara agora acinzentada e manchada. olhos amarelados e sem opacos, parecendo não refletir luz alguma. Minhas costelas contrastavam plenamente com o resto de meu corpo, a pele dolorosamente esticada sobre sua forma. Afastando-me do banheiro e descendo as escadas da forma mais rápida que meu corpo emaciado permitia. A cada passo que dava sentia-me mais fraco, via fios de meu cabelo passarem por minha visão enquanto caiam, minha visão embaçava, cai de joelhos e comecei a engatinha até a porta, agarrando-me a parede, consegui erguer minha mão e agarrar a maçaneta. Nesse ponto tudo ficou escuro....

Sinto-me fraco, não consigo levantar ou sai da posição em que acordei aos pés da porta, ouço o barulho da terra movendo-se lá fora, após horas deitado, desesperado e somente ouvindo o barulho, consegui me levantar. Abrindo a porta, decidido e apavorado ao mesmo tempo, descobri o motivo do barulho, não havia mais uma floresta com um árvore enorme no meio, e sim uma árvore que ERA a floresta, ao redor da casa havia apenas uma grande pare de madeira retorcida, escura e morta, a árvore parecia haver consumido tudo a sua volta, nas "paredes" de madeira pude ver os corpos retorcidos dos animais, os todos com o mesmo semblante aterrorizado que adornava meu rosto. Grandes raízes onduladas perfuravam o solo em ondas, formando um verdadeiro labirinto em volta da casa.

Não venham morar em florestas, não escutem oque seus pais dizem, a árvore consome... Ela assimila TUDO!

As raízes agarraram meus membros, não conseguia mover-me, ela aperta, quebra meus ossos, seus fragmentos dilaceram meus músculos, meus tendões romperam-se sobre a tenção, as raízes me puxaram, pudia sentir a terra e madeira cobrindo minha pele mutilada, só tenho um aviso: Fiquem longe da árvore, ela não para, ela consome, ele pegou tudo a minha volta, ele ME pegou...

Ela vai te pegar também...



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